Tanto sentir quanto entender
Texto de apresentação para a exposição Mario Rubinski - O espaço imantado
Museu Oscar Niemeyer
Tanto sentir quanto entender
Texto de apresentação para a exposição Mario Rubinski - O espaço imantado
Museu Oscar Niemeyer
Mario Rubinski considerava a arte um ofício pessoal e o fazer artesanal um meio para a expressão honesta, liberada de compromissos utilitários, imediatistas. Como muitos artistas modernos, Rubinski reiterava os gestos pincelados, deixando visíveis as suas decisões como poética. Essa presença do fazer assegura o aspecto dedicado da sua produção. No entanto, os seus gestos na pintura não geram só o traçado de uma subjetividade espontânea. Em vez disso, para Rubinski, a arte era coisa complexa: um fazer cerebral, mas problemático, por ser tanto sentir quanto entender. Assim, a criação na pintura se convertia no voluntário e incessante retrabalhar de composições ordenadas pelo desenho espontâneo, substância maior do seu imaginário.
Experimentador metódico, o artista entrava na pintura com uma ideia riscada em giz e encontrava nos materiais, a tinta e o suporte, tanto limitação quanto possibilidades. O seu processo envolvia idas e vindas conscientes, pois pintava e raspava a superfície do plano repetidas vezes. Esse proceder de Rubinski reflete algo dos limites da ideação, mas os seus trabalhos não se detêm nesse impasse, pois parecem retratar a procura de uma unidade distinta.
O artista buscava a saída da pintura por meio de uma poética do sensível: podemos sentir nas suas composições uma atmosfera de mundo em que as coisas da cultura e da natureza estão em harmonia. Essa sensibilidade, esse caminho pensado para fora dos seus quadros, não deixa de ressoar os desafios do nosso presente.